Sketches for My Sweetheart the Drunk (1998) | Full Album
(sequência daqui) Segundo álbum (inacabado) de Buckley, My Sweetheart the Drunk, continua a ser uma das histórias mais comoventes sobre "o que poderia ter sido" da história do rock. Embora Buckley tenha falecido tragicamente antes da conclusão do álbum, o filme oferece um olhar sobre os fragmentos que restam e desafia-nos a conjecturar acerca da direção que Buckley buscava musicalmente, combinando estilos mais introspectivos e fracturados com a sua intensidade característica. "Tínhamos de nos esvaziar interiormente para deixar fluir aquela música muito devocional. Por vezes, sentia uma estranhíssima sensação de viajar vertiginosamente para diante no tempo, conduzido pela trajectória da voz do Jeff, como se a minha vida se derramasse toda naquele instante. Era um grupo que não tinha medo de arriscar e possuía a coragem suficiente para se aventurar por áreas inesperadas, onde, às vezes, nos descobríamos à beira do abismo", contava o guitarrista Michael Tighe, também presente ao lado de Mary Guibert no referido encontro parisiense. À beira do abismo - contam Aimee Mann, Joan Wasser e todos os demais que, agora, depõem - esteve Jeff ao aproximar-se perigosamente da heroína, ao quase sucumbir aos sintomas de depressão que o oprimiam, aos sonhos e alucinações que não lhe davam descanso ou aos planos irrealistas ("Vou escrever 100 canções em 5 semanas") que se propunha. O que Tighe, de algum modo, quase consegue sintetizar: "Tenho a sensação de que, muitas vezes, através dos textos, ele nos telegrafava a sua morte que, acredito, foi mais uma questão inexorável de destino do que propriamente um acidente. A forma como morreu acabou por ser muito semelhante ao modo como viveu a vida: mergulhando na corrente".



